top of page

Review: show d'O Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos (20/11/2016)

Show d'O Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos em Piracicaba-SP. Domingo, 20 de novembro de 2016, às 18 horas.

NOTA: 8.


No domingo, 20 de novembro, O Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos fizeram um show no Engenho Central da cidade de Piracicaba. O evento era o Piracicaba Tattoo Fest, festival que ocorre anualmente na cidade do interior paulista e reúne, além de mais de cem tatuadores (como o próprio nome do evento sugere), muita música e comida.


A banda do ex-vocalista do Garotos Podres, Mao, subiu no palco às 18 horas (logo depois de uma banda cover de Misfits que abriu o evento). Com um repertório fortemente marcado por hinos imortalizados pelos Garotos Podres (que acabou em 2012 devido a um desentendimento entre ambos integrantes principais, Mao e Sukata, vocalista e baixista respectivamente), o Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos agitaram bastante o evento.


O público foi muito recíproco, interagiu, invadiu o palco e cantou junto. Durante todo o show, que durou pouco mais de uma hora, uma roda punk tímida agitou parte do público presente. Vale lembrar também que a banda de Mao estava muito bem ensaiada. A interação entre o guitarrista Cacá Saffiotti, o baixista Uslei "Uel" e o baterista Rodrigo Japa era visível e parece até que o grupo já toca junto há anos. Um errinho ou outro entre os músicos sempre surge, mas o erro mais grasso foi durante a música "Verme", já no fim do show, em que o baterista antecipou o fim de um verso. O vocalista Mao fez um show bom, não mais que isso. Embora o vocalista estivesse bem em todas as músicas, sua interação com o público foi muitíssimo pequena, quase irrisória. As poucas vezes em que o vocalista interagia com o público era através de breves falas entre uma música e outra, claramente ensaiadas.


O show d'O Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos começou com a música "Garoto Podre", retirada do álbum "Com a Corda Toda", dos Garotos Podres, de 1997. Em seguida, "Oi Tudo bem?", que os Garotos Podres lançaram em seu terceiro álbum de estúdio, "Canções para Ninar", de 1993, ecoou por todo o Engenho Central. E ainda no começo, Mao não deixou de fora seus sons com a nova banda. Do primeiro álbum d'O Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos (batizado de "Contra os Coxinhas Renegados Inimigos do Povo") vieram logo em seguida "Espião Secreto", "Hospícios" (cover do Excomungados) e "Fórmulas Secretas". O público do festival parecia estar por dentro não apenas do trabalho de Mao nos Garotos Podres, mas também do trabalho do vocalista já com sua nova banda. O DNA punk não saiu de Mao e sua trupe em momento algum, e o público sentiu isso.


"Nasci Para Ser Selvagem", que os Garotos Podres gravaram em seu álbum "Garotozil de Podrezepam", do final de 2003 (talvez o disco mais conhecido da banda), veio logo depois em tom sarcástico. Em seguida, vieram "Cadê o Meu Io-iô", "Johnny" e "SAM Song". Aí já estávamos quase na metade do show. "SAM Song" é uma música irlandesa, composta em meados da década de 70, que fala a respeito do IRA (Exército Republicano Irlandês) e suas ousadias, mais especialmente quando o grupo comprou mísseis SAM 07 da União Soviética.


"A Internacional", que os Garotos Podres gravaram também no álbum "Garotozil de Podrezepam", veio logo depois de "SAM Song". "A Internacional" acordou até mesmo os mais sonolentos dos fãs que assistiam ao show mais de longe. O poema de Eugène Pottier, escrito em 1871, que se tornou o hino da União Soviética no começo da década de 40, mostra claramente a tendência esquerdista que o vocalista Mao sempre teve. E se nos restava ainda alguma dúvida a respeito disso dessa tendência do vocalista, a canção "Avante Camarada", que veio depois, extinguiu por completo quaisquer dúvidas. "Aos Fuzilados da CSN" (também do álbum "Canções Para Ninar" dos Garotos Podres) e "Guantanamera" (que até hoje não se sabe ao certo quem a compôs, lançada no primeiro álbum d'O Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos) também foram pontos fortes do show.


As quatro músicas que vieram a seguir, "Anarkia Oi!", "Um Grito Em Meio à Multidão", "Papai Noel Velho Batuta" e "Repressão Policial (Instrumento do Capital)" conseguiram, finalmente, erguer ainda mais a roda punk e o entusiasmo dos presentes no show. Aí o fogo conflagrou de vez e mais e mais pessoas invadiam frequentemente o palco para cantar junto com a banda (tomando o microfone de Cacá Saffiotti) e também para dar o famoso stage dive. E se o vocalista Mao já se mostrava pouco receptivo com a plateia, quando alguns invadiam o palco, ele se mostrava ainda mais. Não interagia de maneira alguma.


Em seguida, veio "O Mundo Não Pára de Girar" (som de abertura do álbum "Com a Corda Toda", dos Garotos Podres, de 1997) e "Tá Na Hora di Naná", nessa grafia mesmo, décima faixa do álbum d'O Satânico Dr Mao e os Espiões Secretos.


Já as últimas cinco músicas do show foram releituras de sons já gravados pelo Garotos Podres, tocadas numa versão ainda mais rápida (que é o que se espera de um ao vivo). Foram elas: "Ditador", "Vomitaram no Trêm", "Rock de Subúrbio", "Verme" e "Vou Fazer Cocô". Na música "Verme", como já mencionei, veio o erro mais grasso da banda, quando o baterista encurtou uma das estrofes do som. Mas o erro não pode (e nem deve!) apagar o brilho do show. Todos estavam bem. O único problema que posso mencionar (e banda punk nenhuma tem culpa disso, pelo contrário... só glórias!), é que as músicas são todas muito curtas. Logo que o show chegou ao fim, deixou no público aquele gostinho de quero mais. Coisa normal do punk rock.


Repertório do show:

Satânico dr mao e os espiões secretos repertório show rafael fioravanti

Foto e vídeo: Rafael Fioravanti.


bottom of page