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Galeria Nova Barão e o espírito da música

No final de 2015, o jornalista musical Rafael Fioravanti foi à Galeria Nova Barão para saber o que os comerciantes pensam do local. Inaugurada na década de 60, trazendo um visual altamente moderno para a época, a galeria Nova Barão (uma espécie de rua fechada com dois andares de lojas) ainda consegue manter seu ar retrô em meio à paisagem mutável do centro de São Paulo. Seu design lembra o deu um navion, e apesar do ar de antiguidade, o espaço localizado entre as ruas Barão de Itapetininga e 7 de abril está em constante evolução. Uma evolução para sobreviver, já que a famosa Galeria do Rock, logo ali ao lado, ofusca o brilho da Nova Barão.

"Há muitas lojas de discos de vinil aqui, mas há alguns anos tinha mais", diz Luis Carlos Januário, 44 anos, dono de uma loja no segundo andar. "O pessoal que tinha comércio aqui correu tudo para a Galeria do Rock, mas eles sempre voltam."

Há tempos a Nova Barão vem angariando novos amantes de música para seu nicho, e um dos grandes motivos disso são as mais de 14 lojas de disco de vinil espalhadas por seus dois andares. São lojas que vendem todos tipos de discos para os mais diferentes aficionados (do punk à black music, do jazz ao reggae), e não é só isso que encontramos ali.

Galeria Nova Barão, no centro de SP. Comércio forte de LPs. | Bolha Musical | Rafael Fioravanti

No primeiro andar da Nova Barão há lanchonetes, salão de cabeleireiros, bares, lojas de roupas, tatuadores e até joalherias. Devido a essa diversidade, há quem diga que não existe desvantagem em se trabalhar ali. "Eu não vejo pontos negativos, pois é uma galeria aberta a todo tipo de comércio", diz Luis Carlos Januário. "E mais, aqui é mais tranquilo e aconchegante, o pessoal fica mais à vontade." Já um lojista que se identifica por Alemão, dono da The Records, loja especializada em rock pesado, destaca o medo que as pessoas têm do centro velho paulistano. "O positivo é que a Nova Barão está localizada no centro, nós temos movimento. Mas isso também acaba sendo o lado negativo da história, já que muitas pessoas ainda evitam o centro por considerá-lo perigoso."

Como polo cultural, a semelhança entre a Nova Barão e a Galeria do Rock é pequena, pois ambas são hoje parte fundamental da história do centro de São Paulo. A Galeria do Rock foi fundada em 1963 e hoje conta com 450 estabelecimentos também voltados a diferentes estilos musicais. E cada um protege o seu quintal, como é de se esperar. "Eu não estou falando que não tem lojas boas lá na Galeria do Rock, até tem! Lá tem a Baratos Afins e várias outras lojas grandes que eu acho que nunca vão sair de lá. Mas a música está aqui, pois lá o negócio se tornou um shopping onde o pessoal vai mais para comprar roupa. Acho que o que menos se vende lá na Galeria do Rock é música."


** Publicada originalmente no jornal Maria Antônia, em 2015.


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