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Charles Manson: músico e serial killer é internado às pressas

Quem não se lembra do famoso Charles Manson, o serial killer e músico que chocou o mundo ao assassinar brutalmente a atriz Sharon Tate, em agosto de 1969? Pois bem, após inúmeros pedidos de liberdade veementemente negados pela justiça americana, o serial killer finalmente talvez esteja próximo de deixar a prisão por motivos de saúde. Debilitado e com graves problemas de saúde, o assassino de 82 anos teve de ser internado às pressas em um hospital do Estado da Califórnia, no último dia 3 de janeiro.


A publicação causou espanto. O serial killer havia sido condenado à morte, mas, no final, sua pena foi alterada para prisão perpétua. Manson encontra-se preso desde 1971, com outros membros de sua “Família” (como é conhecido o grupo de assassinos liderados por ele).


A publicação, porém, não informou o motivo que levou Manson à internação. O site de notícias sensacionalistas TMZ, conhecido por seu legítimo jornalismo marrom, chegou a divulgar uma nota dizendo que a provável causa pode vir a ser um “problema gastrointestinal”. No entanto, não há nenhuma certeza quanto a isso. Terry Thornton, porta-voz do Departamento Correcional e de Reabilitação da Califórnia, afirmou que não pode dar maiores informações a respeito da saúde de Manson por “questões de segurança”. Ela limitou-se apenas em dizer que “até o momento, ele está vivo”.


Vale lembrar que Charles Manson está longe de ser um bom mocinho dentro da prisão. O serial killer possui uma longa ficha criminal e mais de 100 sanções por mau comportamento. Sabendo que Manson é uma grande ameaça à sociedade, a justiça americana negou todos os pedidos de libertação apresentados por ele, e, agora, Manson tem de esperar até 2027 para poder entrar com um novo recurso.


Sharon Tate foi assassinada brutalmente com dezesseis facadas na noite do dia 9 de agosto de 1969, dentro de sua então residência, no bairro Benedict Canyon, em Los Angeles. Na época, a atriz estava grávida e faltava apenas duas semanas para o nascimento do bebê. Junto com Tate, estavam seus amigos Jay Sebring, Abigail Folger, Steven Parent, e Wojciech Frykowski. Todos foram mortos.


Na época, a polícia americana disse que o que motivou Manson e sua “Família” a cometer esses assassinatos foi uma música dos Beatles chamada “Helter Skelter”. A canção, conhecida por ser uma das faixas mais pesadas do quarteto britânico (escrita e cantada por Paul McCartney), era vista por Manson e sua “Família” como uma profecia, na qual os brancos seriam exterminados pelos negros.


Mais sobre o crime: Aquele 9 de agosto de 1964 era para ser mais um dia de brilho à atriz no auge de sua carreira. O sol quente que iluminava o vasto jardim da residência, cheio de arvores centenárias que produziam robustas sombras, criava a atmosfera de um dia ameno para aquela que, segundo os jornais, substituiria Marilyn Monroe.


A atriz Sharon Tate tinha 26 anos e estava grávida de seis meses. Ela esperava um filho do cineasta franco-polonês Roman Polanski. Ela vivia, àquela altura, a glória do sucesso. Após receber o Globo de Ouro pelo sinistro filme “Vale das Bonecas” e de terminar a gravação do cômico “Arma Secreta Contra Matt Helm”, ela desfrutava de um reconhecimento grande e invejável.


Naquele dia, aproveitando o ar fresco de sua varanda, comentou com uma amiga: “Queria que Polanski estivesse aqui, ele anda muito ocupado com seus filmes”.


Para saciar a falta do marido, decidiu receber em sua casa alguns amigos, e à noite, saiu para um jantar no sofisticado restaurante El Coyote, em Los Angeles. Ali, riram, se divertiram e trocaram palavras ocasionais. Estando ali, sentada à mesa, cercada de pessoas que tanto queriam o seu bem, não havia motivo para quaisquer preocupações.

Não muito longe dali, num terreno repleto de fanáticos religiosos, estava Charles Manson. Atormentado, espancado pelo pai e abandonado diversas vezes por sua família, o jovem Manson, de 35 anos, esbanjava frustração, rebeldia e falta de controle. Teve suas primeiras passagens pela prisão aos 19 anos, após agressões físicas e roubos. O jovem rapaz franzino, de barbas longas e roupas exóticas, tinha uma paixão arrebatadora pelo rock n’ roll, e como se não bastasse, tudo o que ele desejava era fazer parte dos Beatles. “Um dia eu serei melhor que eles! Escrevam: vou superar os Beatles!”


Em seus devaneios inconscientes, ou como diz a polícia americana, “em suas nuances de má-fé”, começou a se colocar no mundo como um guru espiritualista. Bem articulado e capaz de proferir palavras certas em momentos certos, Manson convenceu jovens carentes a sair de seus lares e se juntarem a ele em uma seita. Seguidores dessa seita, chamavam Manson de Jesus Cristo.


Naquele dia de agosto de 1969, Manson decidiu oferecer libertação divina aos membros de sua “Família”: matar os porcos que auxiliam a continuação de um sistema que mata multidões.


Foi exatamente neste momento que a história de uma atriz talentosa, bonita e de grande sucesso, chocou-se com a frustração e o extremismo de um roqueiro que perdeu os sentidos em drogas.


Enquanto Sharon Tate descansava no sofá de sua casa na Benedict Canyon, ao lado de amigos, Manson e seus seguidores pularam o muro da residência da atriz, e logo na entrada, assassinaram Steven Parent (filho do caseiro), com uma série de facadas no pescoço. Steven tinha 18 anos.


Sentada no sofá branco da sala, enfeitado com uma bandeira americana, Sharon Tate passava a mão em sua barriga quando foi surpreendida pela brutalidade de Manson. Por fim, Abigail Foger foi esfaqueada à morte 28 vezes. O polonês Wojciech Frykowski foi levado à morte com 51 facadas e mais dois tiros. Jay Sebring, ao tentar proteger Tate, dizendo que ela estava grávida, levou um tiro e sete facadas. Restou a Tate dezesseis facadas, várias delas na barriga.


Ainda como num filme de horror, Manson e sua “Família” escreveu pelas paredes da casa, com o sangue das vítimas, a mensagem: “Porcos! Matem todos os Porcos”. Escreveram também, como ponto final à barbárie, “Helter Skelter”.

Descoberto pela polícia duas semanas após o crime, Manson e seus seguidores foram condenados à morte. Dez anos depois, Manson conseguiu converter a pena em prisão perpétua. Mesmo devastado com a morte da esposa, o cineasta Roman Polanski continuou a fazer filmes. A música “Helter Skelter”, lançada em 1969 pelos Beatles, continua incompreendida. Apenas a marca de um crime bárbaro.


Além de serial killer, Manson também era músico: Charles Manson tinha um grande tino para música (e só por isso ele merece um espaço aqui no Bolha). Além de tocar violão e cantar, no mais legítimo folk da década de 60, o líder da “Família” é autor de sons memoráveis.


Seu primeiro disco foi lançado no dia 6 de março de 1970, com produção de Phil Kaufman (famoso por trabalhar com músicos como Gram Parsons, Joe Cocker, Rolling Stones, Frank Zappa, Etta James, e muitos outros).


Batizado de “Lie: The Love and Terror Cult”, o disco tem pouco mais de meia hora de duração e 14 músicas no total. Faixas como “Look at Your Game, Girl”, “Cease to Exist”, “People Say I’m No Good”, “Sick City” e “Ego” marcaram a curtíssima carreira de Charles Manson como músico. “Look At Your Game, Girl”, a faixa de abertura do disco, tornou-se conhecida mundialmente depois que o Guns n’ Roses fez um cover dela. O cover saiu no disco “Spaghetti Incident?” de 1993. Aliás, o Guns n’ Roses não teria feito um cover dessa música se não fosse pela insistência do vocalista Axl Rose.


Por volta do ano de 1997, veio à tona um disco chamado “The Family Jams”. Gravado no começo da década de 70, o disco reúne 28 faixas gravadas pela “Família” no violão. Embora Manson não apareça em nenhuma faixa, ele ganha os créditos por ter sido compositor das músicas.


Já no dia 7 de abril de 2005, foi lançado o “One Mind”. Trata-se de um disco com 16 músicas que Charles Manson gravou em sua cela no presídio de San Quentin. As músicas são, de modo geral, poemas recitados. Neste disco, o destaque vai para as faixas “Self is Eternal (What Our World Will Be)” e “I Don’t Need Water Sprinklers in the Desert”. Em 2008, o álbum foi disponibilizado na internet para download digital livre.

"Charles Manson: músico e serial killer é internado às pressas" por Rafael Fioravanti & Bruno Dias | Bolha Musical

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