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George Michael viveu romance arrebatador no Brasil


George Michael não deixou só boa música e lembranças incríveis a seus milhões de admiradores. Deixou também uma história de superação num mundo cada vez mais intolerante e dividido. Nos anos 90, por exemplo, se assumir gay e expressar sua sexualidade abertamente era uma atitude de muitos riscos e, portanto, um ato de coragem. Tanto que Michael pagou o preço: seduzido por um policial em um banheiro público, assim que topou fazer sexo com ele, foi para cadeia. Parte dessa aversão aos homossexuais vinha de uma época onde relação sexual era um tabu de maneira expressivamente maior que hoje em dia; e do fato do vírus da AIDS se espalhar no mundo e deixar todos impotentes, sem respostas científicas até então. Foi nesse período turbulento que o talentoso e famoso artista conheceu o estilista brasileiro Anselmo Feleppa. Se viram no camarim do Rock In Rio de 1991 e se apaixonaram perdidamente.


Michael, bonitão, tido como “sex symbol” e que teve a virgindade prometida da atriz Brooke Shields, tinha acabado de se assumir. E não foi através de uma mera declaração dizendo “sou gay”. Ele o fez comunicando sua essência na "arte marginal", sem medo de incomodar e gritar contra a normalidade. Michael começou a encher suas canções de indiretas, como em “Freedon! 90!” e “Father Figure”.

O brasileiro Anselmo foi uma confirmação dessa liberdade há pouco adquirida; uma dica sutil a Michael de que homossexualidade não é só fazer sexo, mas amar. Mesmo assumido, ele não estava satisfeito com o fato de ser gay; sabia que seria uma luta diária contra os preconceitos. Se fosse opção, como muita gente acreditava, e ainda acredita, optaria pelo comum e, consequentemente, pelo mais confortável. "Anselmo rompeu minhas barreiras vitorianas e me mostrou como viver realmente, como curtir a vida", disse várias vezes em entrevistas. Segundo Michael, foi o estilista brasileiro que mostrou a ele o amor durante o sexo. “Eu já tinha uma vida sexual ativa, e até mesmo inadequada, antes de conhecê-lo. Fiz amor pela primeira vez com ele.”


George Michael e Anselmo juraram amor eterno. Pensavam num futuro promissor e calmo, até que a vida veio como uma avalanche: Anselmo Feleppa descobriu ser portador do vírus HIV. Michael, soro-negativo, cuidou dele e cumpriu sua promessa de amá-lo por mais quatro anos, até sua partida, em 1995. Dali em diante, o amor seria declarado apenas em suas músicas. Começou com o álbum melancólico “Older”, do qual explodiu de amor em “Jesus to a Child”.

Em 2004, tanto tempo depois, o brasileiro permanecia em sua mente e renasceria na música “Please, Send me Someone to Love”. Ali, diz que jamais poderia substituí-lo. Michael teve outros amores, mas ninguém era como aquele sorridente rapaz de um país tropical.

É, na vida nada é definitivo. Tanto tempo depois, Michael partiu para outra dimensão, provavelmente ao lado de quem sempre quis estar. Estão no espaço, sem julgamentos, ódio ou preconceitos.


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