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Banda Red Light Motel concede entrevista ao Bolha Musical

Os três brasileiros da banda Red Light Motel deixaram para trás o país para se aventurar nos Estados Unidos, mais precisamente na região sul da Flórida, em busca de mais oportunidades musicais, e claro, a fim de consolidar um nome na música. Com um som cheio de groove e feeling (que traz influências não só das antigas, mas também de muitos artistas da atualidade), o Red Light Motel segue impressionando cada vez mais a sua legião de fãs.


O Red Light Motel lançou "Follow the Red Lights", seu EP de estreia, em 2016. Agora foi a vez do álbum "The Tropical Funk" vir à tona, com 11 músicas que realçam ainda mais a identidade do grupo: peso, soul, musicalidade bem definida, e levadas da velha surf music.


O Red Light Motel é formado por Yuri dos Santos (voz/ guitarra), Raphael Brans (baixo) e Raphael Willame (bateria). Confira abaixo a entrevista que eles concederam ao jornalista musical Rafael Fioravanti.


Bolha Musical: Por que vocês decidiram sair do Brasil para construir uma carreira musical nos Estados Unidos? Quais objetivos principais nortearam essa escolha? Raphael Brans: Melhores oportunidades! E também o estilo de som que a gente queria fazer junto com o fato de as músicas serem em inglês, então fazia mais sentido vir pra cá. Há também o fato de que o mundo sempre está de olho no que está acontecendo musicalmente aqui nos Estados Unidos; infelizmente, muito mais do que no Brasil. Yuri dos Santos: Uma das coisas que mais me marcam quando escuto um artista (ou uma banda) é descobrir de onde ele é, e entender como aquilo afetou o som dele. Depois de dois anos morando aqui, olhando para trás e ouvindo a cara que o álbum e a banda tomaram, acho que fica claro as influências de Miami na nossa sonoridade. Recentemente eu descobri, por exemplo, que o Funky Melody (que tocava muito no Rio de Janeiro nos anos 80-90), era importado daqui de Miami... e amigos de longa data sabem do meu romance com o Funky Melody. Então não acho que ter vindo morar aqui tenha sido uma mera coincidência, para nenhum de nós.


Bolha Musical: Em termos de sonoridade, é absolutamente normal que cada país possua as suas próprias peculiaridades. Vocês conseguem dizer que os americanos se impressionam com os feelings brasileiros? Yuri: Sim. Eles sentem a diferença quando ouvem nossas músicas ou quando estão em algum show nosso pela primeira vez, sem conhecer muito a banda. Então eles conseguem reparar influências latinas na nossa música (que não são intencionais), talvez pelo fato delas já estarem enraizadas na gente. Quando eles descobrem que somos do Brasil, na maioria das vezes eles falam que sentiram algo diferente, um ritmo diferente.


Bolha Musical: Eu li que vocês já participaram de alguns eventos aí nos Estados Unidos (isso inclui uma competição para o Festival Okeechobee). Como foi toda essa experiência? Raphael Willame: Na real, o Okeechobee era um festival que a gente comentava entre nós sobre a possibilidade de ir assistir. Os headliners eram Mumford and Sons e Kendrick Lamar. E descobrimos por acaso que ia rolar uma competição para bandas independentes entrarem no line up. Yuri: Foi o nosso primeiro show. Conseguimos passar da primeira fase da competição ainda na internet, com curtidas no Facebook, e a segunda (e última) fase era uma competição das bandas finalistas. Infelizmente não conseguimos ganhar, porque a quantidade de votos no dia do show indicaria a banda vencedora, e como era nosso primeiro show, não tínhamos muita gente para votar na gente além de alguns amigos que foram prestigiar. Mas valeu muito a pena, pois nesse mesmo dia conhecemos pessoas influentes na cena de Miami que até hoje nos ajudam muito. O saldo foi positivo, nos abriu muitas portas.


Bolha Musical: Quais bandas/artistas que mais influenciaram o som da banda? Banda: Red Hot Chili Peppers, Foo Fighters, System of a Down, Jimi Hendrix, John Frusciante, Jack White, Funkadelic e Parliament, Tame Impala, Pink Floyd, Fleetwood Mac, Beatles, Beach Boys, Kanye West, Kendrick Lamar, Stevie B, Afrikaa Bambaataa e Grandmaster Flash, entre vários outros.


Bolha Musical: E como funcionou o processo de gravação do primeiro álbum de vocês? Onde foi gravado? Como foi gravado? Quais ideias vocês fizeram questão de inserir nas músicas? Yuri: Logo depois de lançar o EP "Follow the Red Lights", eu senti uma vontade muito grande de criar uma identidade própria para a banda. Criar um som novo, original, com nossas influências, e que a gente gostasse de verdade. Foram necessários criar, ensaiar, gravar demos (e "desistir" de dois álbuns inteiros) até chegarmos ao "The Tropical Funk". Pode-se dizer que esse LP é o que julgamos as melhores músicas dentro de 100 outras. Conseguimos misturar guitarras melódicas e tropicais, com ritmos influenciados por Funk e música latina. Uma vez definido o álbum, depois de procurar estúdios na região, acabamos optando pelo "Faça Você Mesmo". Gastamos horas de YouTube e conversa com amigos mais experientes até conseguir gravar o álbum quase todo aqui em casa mesmo. Isso nos deu mais liberdade e calma para produzir e gravar vários takes ate ficar perfeito. Willame: O que fizemos questão de não fazer nesse álbum foi negar nossas influências brasileiras no rock que a gente já vinha fazendo. Desde Funk Carioca ou Funky Melody, até Forró, Calypso, música latina como Salsa e Merengue. Brans: Cada segundo do "The Tropical Funk" foi meticulosamente pensado. O álbum conta uma história do ponto de vista de um personagem, que é o Charlie Young, enquanto ele lida com um relacionamento amoroso problemático e sua banda, a The Tropical Sensation, transformando seus sonhos em realidade.


Bolha Musical: Daí dos Estados Unidos, vocês andam acompanhando a música nacional aqui no Brasil? Qual artista, ou artistas, mais chama a atenção de vocês? Banda: Braza, Scalene e Criolo é o que temos ouvido bastante ultimamente.


Bolha Musical: Na opinião da banda, qual a diferença primordial do "Follow The Red Lights" para o "The Tropical Funk"? Brans: Em "Follow the Red Lights", nós contávamos com outro integrante e compositor. E esse integrante também também escrevia as músicas, ele tinha um input mais pop na banda. Outro detalhe é que o primeiro EP foi feito bem mais rápido em comparação ao álbum. Yuri: Eu diria que o "Follow the Red Lights" foi algo mais do tipo: "Vamos nos divertir, escrever umas músicas e ver no que dá". Não conhecíamos a cena musical daqui, nem tínhamos fãs. Não existia uma necessidade de fazer algo grandioso. Já em "The Tropical Funk", no período de um ano, nós trabalhamos duro em toda a concepção do álbum, desde as letras até os arranjos e ordem das músicas. A gente também estabeleceu a nossa identidade e definiu como serão nossas próximas músicas daqui pra frente. Sinto também que amadurecemos o som, o álbum inteiro está bem mais consistente.


Bolha Musical: Qual o maior orgulho na carreira da banda até o momento? Willame: Com certeza poder dividir esse álbum com todo mundo. "The Tropical Funk" foi criado de forma que ele só faz sentido se você ouvi-lo do começo ao fim, acompanhando as letras e a história. A gente acha que muita gente que ouviu o álbum aí no Brasil, ainda não teve tempo suficiente para compreender todo o conteúdo do disco, principalmente pela questão da língua. Mas a gente sabe que isso leva tempo mesmo.


Bolha Musical: E para finalizar, quais os planos futuros da banda? Willame: Temos planos para fazer videoclipes e investir mais tempo em imagem e vídeos. Yuri: Para esse ano, divulgar ao máximo este álbum (principalmente aqui nos EUA), fazendo bastante show e networking. Nós não temos previsão ainda de fazer show no Brasil, mas, obviamente, vontade não falta, e todo dia ouvimos histórias de amigos de amigos que passam a conhecer o nosso som... o que é sensacional. Sentimos de verdade que nosso som está caminhando com as próprias pernas aí no Brasil, o que prova que shows por aí é somente uma questão de tempo mesmo. Inclusive, os trabalhos para o próximo álbum já começaram, mas ele, provavelmente, só estará pronto no final de 2018, meados de 2019.

"Banda Red Light Motel concede entrevista ao Bolha Musical" por Rafael Fioravanti | Bolha Musical

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