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Aos 69 anos, morre Gregg Allman, fundador da Allman Brothers Band

Morreu na tarde de ontem (sábado, 27), o músico Gregg Allman, membro fundador da banda Allman Brothers Band.


A Allman Brothers Band foi uma peça fundamental no desenvolvimento do southern rock, o gênero que se desenvolveu na região sul dos Estados Unidos, caracterizado por sua forte mistura com o country. Gregg fundou a Allman Brothers Band na Flórida, Estados Unidos, junto de seu irmão Duane Allman. Mais tarde, juntaram-se eles o baixista Berry Oakley, o também guitarrista Dickey Betts, o baterista Butch Trucks, e o percussionista Jai Jaimoe Johnson.


O grupo não era apenas uma banda; tudo era, acima de tudo, uma forte irmandade. Grandes amigos, a banda passava horas e horas ensaiando, consumindo drogas psicodélicas e passeando pelo Rose Hill Cemetery (um pequeno cemitério de 1840 situado em Macon, na Geórgia), onde eles compunham suas canções. A banda era muito proeminente na região sul dos Estados Unidos, principalmente na área da "Bible Belt", e canções como "Whipping Post", "Dreams", "Black Hearted Woman" e o cover de "Trouble No More" (da lenda do blues Muddy Watters) eram – e até hoje são – parte fundamental da identidade sulista americana.

O primeiro disco da Allman Brothers Band, homônimo, saiu em novembro de 1969, pelas gravadoras Atco e Capricorn Records. As vendagens foram baixas, com pouco menos de 35,000 unidades vendidas, porém as críticas sempre foram muito positivas em relação a ele. Dez meses depois, em setembro de 1970, a banda lançou "Idlewild South", o seu segundo. Deste segundo disco, faixas como "Midnight Rider", "Hoochie Coochie Man" e "In Memory of Elizabeth Reed" caíram na graça dos fãs e quase nunca mais saíram dos repertórios dos shows. Em julho de 1971, saiu o álbum "Live at Fillmore East", um disco ao vivo. Com apenas sete músicas e quase 1 hora e meia de duração (com canções que facilmente beiram os 15, 20 minutos de duração), o benemérito "Live at Fillmore East" até hoje é tido como um dos melhores discos ao vivo da história do rock. Produzido pelo reverenciado Tom Dowd, a gravação, tal como o próprio nome acusa, ocorreu na extinta casa de shows Fillmore East, em Nova Iorque, sob tutela do influente Bill Graham. A qualidade sublime do material reserva à banda um espaço de honra na música, e mais do que isso, tamanha qualidade fez com que "Live at Fillmore East" fosse uma das 50 gravações escolhidas em 2004 pela Biblioteca do Congresso para ser imortalizada no Registro Nacional de Gravações (uma lista de gravações que, segundo a Biblioteca do Congresso, é "cultural, histórica ou esteticamente importante, e informam/refletem a vida nos Estados Unidos").

Daí para frente, a vida da Allman Brothers Band foi-se esvaindo cada vez mais. Em 29 de outubro de 1971, o guitarrista Duane Allman (irmão de Gregg) sofreu um grave acidente. Na ocasião, sua motocicleta Harley-Davidson Sportster chocou-se com um caminhão e o músico não sobreviveu à batida. Ele tinha 24 anos. No ano seguinte, em novembro de 1972, o baixista Berry Oakley morreu da mesma forma e com a mesma idade. E ainda recentemente, em janeiro deste ano, o baterista Butch Trucks, então com 69 anos, suicidou-se com um tiro na cabeça em sua casa na Flórida. Agora, foi a vez de Gregg.

Gregg Allman faleceu na tarde de sábado, em sua casa em Savannah, Estado americano da Geórgia. No decorrer dos anos, o músico lutou com vários problemas de saúde, consequências de suas batalhas com álcool, hepatite C e drogas (heroína, principalmente). Ken Weinstein, seu publicitário, revelou à imprensa que a causa de sua morte foi "complicações decorrentes de um câncer no fígado".

"Ainda é cedo demais para processar tudo isso", comentou à imprensa o guitarrista Dickey Betts, companheiro de Gregg na Allman Brothers Band. "Eu estou tão feliz de ter tido a oportunidade de conversar com ele antes de sua morte. Na verdade, eu já estava a ponto de telefonar para ele para ver como ele estava de saúde, quando recebi a ligação. Hoje é um dia muito triste."

Michael Lehman, amigo íntimo e empresário de longa data do músico, comentou que perdeu um amigo, mas que o mundo perdeu um pioneiro brilhante da música. "Ele era bondoso, uma alma gentil que tinha a melhor risada que eu já ouvi. O amor que ele tinha pela família, por seus companheiros de banda e por seus fãs era algo incrível. Gregg era também um parceiro incrível e um excelente amigo! Nós todos vamos sentir muito a falta dele".

Seu último disco de estúdio, batizado de "Southern Blood", que contou com a produção de Don Was, estava agendado para ser lançado ainda este ano. Já debilitado, todos os shows de Gregg para este ano (inclusive dez apresentações em Nova Iorque, no City Winery) já haviam sido cancelados na metade do mês de março.

Gregg Allman e os membros remanescentes da Allman Brothers Band foram imortalizados no Rock and Roll Hall of Fame em 1995. Em 2006, novamente ao lado da banda que ele ajudou a criar na década de 60, Gregg foi imortalizado no Georgia Music Hall of Fame. O músico também chegou a ser condecorado com o "Grammy Award for lifetime achievement", uma das principais categorias do Grammy, pelo conjunto de sua obra.

Gregg Allman tinha 69 anos.

"Aos 69 anos, morre Gregg Allman, fundador da Allman Brothers Band" por Rafael Fioravanti | Bolha Musical

Foto: Getty Images


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