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Nina, cantora carioca, concede entrevista ao Bolha Musical

Com uma longa trajetória no ramo da música, a cantora Nina, com seu pop romântico e bem elaborado, mostra agora que veio para ficar. Com nova identidade e auto-confiança (que só veio depois de um longo período de redescobrimento), a cantora acaba de lançar seu mais novo EP, "Tanta Sede". O registro, por sinal, mescla uma grande variedade de estilos, que se cruzam num misto de emoções e boas nuances musicais. "Tanta Sede" conta exclusivamente com sete faixas, algumas de autoria da cantora; outras, nada mais que releituras.


Nina iniciou sua carreira profissional na música aos 21 anos, e embora já tivesse uma longa experiência no palco de igrejas (sua escola, segundo ela), foi no pop rock onde a cantora mais se destacou. Sua canção "D.R. em Setembro" (segunda faixa de "Tanta Sede") ficou entre as cinco músicas mais tocadas nas rádios do Rio de Janeiro, e seu videoclipe já possui quase 200 mil visualizações no Youtube.


Confira aqui a entrevista que a cantora concedeu ao jornalista musical Rafael Fioravanti, do Bolha Musical.


Bolha Musical: Por conta de sua avó, você começou sua carreira na música gospel. E, hoje, podemos dizer que sua música passou por uma grande transição, pois você deixou o gospel de lado para adentrar o universo do pop, que é onde você se encontra atualmente. Como se deu essa transição de gênero? Nina: Então, eu costumo falar o seguinte: não cheguei a cantar profissionalmente no gospel. Eu cantava na igreja, assim como muitos outros artistas também cantavam. Para mim, foi só uma escola, uma passagem, não cheguei a fazer carreira no gospel. Então não houve bem uma transição. É claro que o gospel me influenciou bastante (e essa influência pesou até na escolha do meu estilo musical, visto que o gospel é muito misturado, não tem um estilo muito definido). Sempre ouvi músicas de muitos estilos e, hoje, posso dizer que o gospel (a igreja, no caso) foi uma grande escola para mim. Eu aprendi a cantar em coral, em backing-vocal, aprendi a ouvir melhor e a dividir vozes. Foi um momento essencial na minha vida.


Bolha Musical: O seu primeiro EP, "Tanta Sede", foi um lançamento de sucesso e pode-se dizer que ele serviu para te apresentar ao público. Como se deu o processo de gravação desse EP? Nina: O EP foi um processo muito gostoso, porque foi um processo de descoberta. Eu mergulhei em livros e em estudos para me encontrar comigo mesma antes de lanca-lo, até porque eu já tinha lançado uns trabalhos antes e não tinham nada a ver comigo. Então precisei passar por essa imersão, fiquei um pouco isolada de tudo e comecei a ler muitos livros e ouvir muitas coisas diferentes. Acabou sendo um processo muito delicado, muito especial. Realmente aprendi muitas coisas e descobri muitas coisas em mim. Tudo foi lindo, porque, nisso, eu consegui perceber aquilo que eu realmente queria passar ao público e perceber também o que eu realmente queria cantar para o público.

Bolha Musical: Legal, isso que você falou me ergueu até uma pergunta. No seu EP você interpreta alguns covers; tem Kiko Zambianchi, tem uma releitura de Tetê Espíndola, tem K.D. Lang, enfim... o que você leva em consideração ao escolher uma releitura – ou um cover – para gravar? Nina: Para mim cover e releitura são duas coisas um pouco diferentes (um cover consiste em tocar a obra de determinado artista, enquanto que a releitura consiste em dar uma repaginada). A releitura é um novo plano artístico, uma recriação. A escolha, na verdade, vem muito de coisas que têm a ver com o processo. De alguma forma, a gente queria falar sobre amor e acabamos escolhendo músicas românticas. Não tem um esquema certo, as coisas foram simplesmente acontecendo. Teve muito dessa coisa: "pô, essa música aqui é divina, vamos fazer uma releitura dela", sabe? Foi acontecendo dessa forma. E tínhamos uma lista enorme de músicas à disposição, foi até um pouco difícil escolher o que cantar e o que fazer. Mas todo processo foi bem especial.

Bolha Musical: Te classificar num rótulo é uma coisa bem difícil, visto que você passeia muito facilmente por diversos estilos musicais e tem uma facilidade muito grande em mesclar gêneros. Mas quais artistas ou bandas te influenciaram no processo de criação do EP "Tanta Sede"? Nina: Olha, eu vou começar com a minha maior inspiração, que é a Sheryl Crowe. Eu sou super fã do trabalho dela, eu gosto muito das músicas dela e a gente achou que esse estilo musical (que é country rock para os americanos, e pop para nós) seria mais interessante. Mas o meu som é mesmo uma mistura, como você disse. Outra coisa que pesou muito foi o tom da minha voz, já que tenho um tom mais leve... combina! Por isso a gente acabou chegando nessa conclusão e achamos que esse seria o estilo ideal para o meu som. Mas eu também sou muito fã do rock nacional, e o nosso rock tem muita ligação com o country rock americano.

Bolha Musical: E o que você ouve de rock nacional? Nina: Ah, eu gosto de Legião Urbana e Titãs... o problema é que hoje em dia não tem muitas coisas novas no rock nacional, algum artista de peso. Isso faz com que a gente fique muito focado naquela coisa do antigo, que por sinal também é maravilhoso.

Bolha Musical: Ah, os clássicos sempre valem a pena ser ouvido. Nina: Exatamente.

"Nina, cantora carioca de sucesso, concede entrevista ao Bolha Musical" por Rafael Fioravanti | Bolha Musical | Foto divulgação

Bolha Musical: Bom, sua música "D.R. em Setembro" chegou com força total nas rádios do país, ficando, inclusive, entre as cinco músicas mais tocadas nas rádios do Rio de Janeiro. Como você enxerga isso? Nina: Ah, fico maravilhada, até porque não é qualquer pessoa ou artista que chega nesse ponto. E se chegou nisso, é porque tem alguma coisa aí! Para mim é uma coisa maravilhosa estar entre as quatro mais tocadas... e parece também que ficou dez meses entre as dez mais tocadas – a Crowley é um medidor e ela faz essa medição diariamente. Então, para mim, é muito bacana. Isso são oportunidades que a gente tem de trabalhar mais e também de divulgar mais [nosso trabalho]. Não tem preço.

Bolha Musical: Pode-se dizer que uma boa canção nasce de uma grande frustração? Nina: Eu acho que isso pode acontecer! (risos) Muita gente usa o lado pessoal na hora de compôr. Eu costumo usar algumas coisas pessoais também, mas gosto também de criar situações. Eu viajo um pouco, e como eu venho do teatro, acho interessante inventar coisas. Mas eu também gosto muito de falar sobre pessoas próximas a mim e até sobre a minha própria vida. E eu acho que uma grande frustração pode, sim, gerar uma boa música, até porque o negócio acaba vindo do fundo da alma, né?

Bolha Musical: Mudando um pouco o tema, como você enxerga o cenário musical contemporâneo? Está bom, está ruim, o que está faltando nele? Nina: Olha, está muito complicado, porque sempre tem um estilo que domina (e isso também sempre foi assim). Passa um, vem outro; mas sempre tem um estilo dominante. Hoje você vê o sertanejo dominando tudo, mas também já teve uma época em que o rock dominou tudo, assim como já teve época em que o forró dominou tudo. Isso é uma questão de época. Então eu acho que ninguém pode desistir, ninguém tem que querer mudar para agradar os outros, a gente tem que fazer o que gosta. Claro, é sempre bom tentar se adequar de alguma forma, mas temos que fazer principalmente o que gostamos. Tem espaço para todo mundo aí fora e os artistas só precisam se unir mais, eu sinto que falta muito essa união.

Bolha Musical: "Se unir mais" em que sentido especificamente? Nina: Se unir no sentido de ganhar força. As pessoas que pertencem à mesma tribo e ao mesmo estilo musical precisam se unir para gerar essa força. Por mais que isso não vá te levar a um mercado milionário, eu acho que tudo acaba sendo válido, desde que você esteja fazendo o que ama e acabe realmente sendo recompensado por isso. Tudo bem, não preciso ser a artista mais bem paga do mundo ou do Brasil, mas eu quero que pelo menos a minha música chegue até as pessoas e vá se espalhando. Isso é o principal.

Bolha Musical: E aproveitando o bom período, quais são seus planos futuros? Nina: Nossa, tem tantos! (risos) Mas no momento nós estamos nos preparando para um novo videoclipe. A gente ainda está escolhendo a música direitinho, mas eu vejo isso não só como algo interessante, eu já enxergo o lançamento de um videoclipe como uma coisa muito importante, não tem como fugir disso.

Bolha Musical: E o videoclipe que vocês estão estudando seria produzido para qual música? Nina: A princípio, seria para a faixa "Combustível" (uma música minha em parceria com o Juliano Cortuah). Estamos pensando em produzir um videoclipe para essa canção. Estamos bem focados nisso agora e eu acho que esse vai acabar sendo o nosso próximo projeto. E também tenho shows marcados com algumas rádios... enfim, tem coisas legais na agenda.

Bolha Musical: E projetos de discos ou gravações? Há algo em mente ou ainda não? Nina: Novo disco ainda não, até porque o EP "Tanta Sede" é novo e não terminamos de trabalhar com ele. Embora não tenhamos previsão para um novo disco, já temos previsão para um novo single! Já fizemos até um acústico para o single e estamos para lançá-lo – inclusive nós estamos decidindo se fazemos um videoclipe para "Combustível" e para ele também. O single se chama "Indecisão", ele não está no EP.

Bolha Musical: E para fechar, qual a sua mensagem final? Nina: Olha, nunca desistam dos seus sonhos, estejam sempre correndo atrás. E sempre agradeçam, porque quanto mais a gente agradece, mais coisas boas acontecem.

"Nina, cantora carioca de sucesso, concede entrevista ao Bolha Musical" por Rafael Fioravanti | Bolha Musical | Foto divulgação

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