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Archityrants, de Curitiba, concede entrevista ao Bolha Musical

Banda comenta a cena de Curitiba, fala da filosofia e ocultismo presente em suas letras, discute processos de composição e fala também sobre sua participação no Metal Warriors Festival deste ano

"Archityrants, de Curitiba, concede entrevista ao Bolha Musical" por Rafael Fioravanti | Bolha Musical

A Archityrants é uma banda de doom metal formada em 2011, na cidade de Curitiba. Bastante influenciado por bandas como Black Sabbath, Candlemass e Solitude Aeturnus, o grupo segue desde então focado em composições próprias e na divulgação de seu material. Composta pelo vocalista Luxyahak, pelo guitarrista-base Anubis, pelo guitarrista-solo Tersis Zonato, pelo baixista Daniel Franco e pelo baterista Danda Brito, o próximo compromisso da banda acontece dia 08 de julho no John Bull Pub, em Curitiba, ocasião em que se comemora a 3ª edição do Metal Warriors Festival.

Quem acompanha o cenário do heavy metal em Curitiba certamente deve conhecer as bandas que integram o line-up desta edição do Metal Warriors, evento já tradicional no calendário da cidade. Em celebração ao Dia Mundial do Rock, a 3ª edição da festa acontecerá a partir das 20 horas do dia 08. Serão quatro bandas no line-up: Dragonheart, Aquilla, Disharmonic Fields, e claro, a Archityrants.

Confira abaixo a entrevista que o jornalista Rafael Fioravanti, fundador do Bolha Musical, fez com os integrantes Luxyahak, Anubis e Tersis. Esperamos que essa entrevista com a Archityrants suscite a curiosidade e a paixão do público para que todos compareçam ao Metal Warriors Festival deste ano e apoiem a cena independente nacional.


Bolha Musical: Vocês já eram envolvidos com música antes do nascimento da Archityrants, estando, inclusive, n'A Tribute to the Plague. Então minha pergunta é: como Archityrants se formou? Anubis: Em 2007, eu e o Luxyahak fomos convidados para participar do ressurgimento da A Tribute to the Plague. Com o passar dos meses, após o primeiro show, passamos a compôr e mais músicas novas foram surgindo. Em 2011, pouco antes do lançamento do nosso primeiro álbum, o "Black Water Revelation", resolvemos mudar o nome da banda. Nós notávamos que o som que fazíamos já era outro (mais pesado, cadenciado e elaborado) em comparação com o trabalho antigo da Tribute. Então não tinha sentido continuar com um nome que, na nossa visão, já não refletia mais o som do grupo. A Tribute tinha (e ainda tem) uma história fantástica no doom metal brasileiro que precisa ser respeitada, porém já era hora de darmos um passo à frente. Surgiu, então, o Archityrants.

Bolha Musical: Onde vocês buscam referências de ficção, filosofia e ocultismo para escrever as letras de suas músicas? Luxyahak: Eu sou um curioso sobre mitologias antigas e vou buscar muita coisa no pouco que se tem registrado sobre a Suméria. Pesquiso um pouco sobre Sociedades Secretas e sua mística. A ficção é mais um termo para dar legitimidade ao que seria chamado de absurdo para maioria, mas que tem sua verdade possível. O Mito da Caverna de Platão, Teorias da Matrix, Conspirações Ocultistas, sempre estão presentes nas letras dos trabalhos da banda. Enfim, gosto de escrever intuitivamente dentro do que pesquiso e muita coisa eu acabo mesclando com o que percebo do mundo atual. Porém, tento retirar o véu sugerido pela escolástica comum que o sistema impôs durante milênios do mesmo programa de dominação e viajar por searas mais rebeldes e subversivas, que são essenciais para uma banda de metal. Claro que isso é direcionado ao universo da tirania que sempre dominou o mundo desde que foi inaugurado o sistema, há milênios.

Bolha Musical: O grupo conta, atualmente, com dois discos lançados: há o “Blackwater Revelation” (2011) e agora o “The Code of the Illumination Theory” (2017). De lá para cá, além da maturidade musical que as bandas sempre ganham, o que mais mudou de um disco para o outro? Tersis: Apesar de eu fazer parte da banda há pouco tempo, acompanho o grupo desde o início. O "Black Water Revelation" é um grande álbum, porém, na minha percepção, as músicas do novo álbum estão mais ricas, tanto nas letras e conceitos, quanto na diversidade de elementos; e até na musicalidade como um todo. Anubis: Desde o "Blackwater Revelation", tivemos muitas mudanças na formação. Hoje, acredito que estamos com nosso som ainda mais definido e com uma formação onde todos têm o que contribuir. Nós nunca quisemos copiar alguma banda, apesar de sermos influenciados por várias. Então, acho que o som da banda foi sendo lapidado até que, atualmente, ele tem ainda mais a cara do Archityrants. O "The Code of the Illumination Theory" nada mais é do que uma continuação da nossa evolução musical (como compositores e como banda). Acredito que essa evolução ainda terá mais capítulos pela frente.

Bolha Musical: Levando em consideração que todos os trabalhos do grupo foram lançados de forma inteiramente independente, quais foram as maiores dificuldades do processo? Como é ser uma banda independente não só no Brasil, mas em Curitiba especificamente? Tersis: O "The Code of the Illumination Theory" foi lançado pelo meu selo Mindscrape Music, um selo underground independente que tenta promover seus lançamentos no Brasil, mas também visa divulgação no exterior. Essa atividade realmente não é fácil, principalmente quando não é um "trabalho", digamos assim. A venda de CDs é um pouco difícil hoje em dia por conta da facilidade, portabilidade e baixo custo da música digital, além dos diversos serviços de streaming. Ter banda no Brasil, especialmente uma de heavy metal e suas vertentes, só dá certo quando se faz com vontade mesmo. O retorno é muito baixo (às vezes nulo), mas quando se está determinado a cumprir certas metas, as coisas começam a andar. Anubis: Fazer música independente no Brasil é um desafio onde, literalmente, só os fortes sobrevivem. A força, nesse caso, vem da perseverança, de acreditar no seu trabalho, nas suas músicas. Ser independente em Curitiba, no metal e, pior, no doom metal, não é fácil. Na minha opinião, o principal obstáculo em Curitiba é a falta de apoio do público. Existem inúmeras bandas excelentes na cidade, que sempre lançam bons trabalhos, então as bandas acabam fazendo a sua parte, produzindo e mantendo a arte viva; agora só cabe ao público valorizar e dar suporte a essas bandas, indo nos shows, comprando CDs, camisetas, etc. Estamos na chamada "era da informação", então não existe desculpa para não conhecer novas bandas, só basta ter interesse. Fujam dos "veículos grandes" e busquem informação nos sites independentes.

Bolha Musical: O "The Code of the Illumination Theory" (2017) é o mais novo disco da banda, lançado no começo de maio. Como está sendo a fase de divulgação? Tersis: Estamos conseguindo distribuir bem o material, especialmente por meio da Mindscrape Music. Foi feito uma campanha de pré-venda quando o álbum ainda estava na fábrica, o que angariou pessoas para colaborar, além de conquistar novos fãs. Estou certo de que assim que o Archityrants voltar aos palcos, a divulgação será mais intensa e os headbangers poderão conferir um pouco da essência presente no álbum.

Bolha Musical: Quais são os planos futuros do Archityrants? Há algum CD, demo, vídeo ou qualquer outro material em vista? Anubis: Musicalmente, somos inquietos. Já estamos pensando em novas músicas e algumas já estão surgindo. Depois do show de lançamento do álbum no John Bull, começaremos a idealizar um novo EP e um videoclipe de alguma das canções do "The Code of the Illumination Theory".

Bolha Musical: No dia 8 de julho, ocorrerá 3ª edição do tão aguardado Metal Warriors Festival, no John Bull Pub, em Curitiba. O que o público pode esperar da Archityrants? Luxyahak: Antes de tudo, eu gostaria de agradecer o convite feito pela organização do evento e dizer que o Archityrants está sedento para mostrar sua nova fase – e nada melhor que isso seja no Metal Warriors! Já faz cinco anos que não nos apresentamos ao vivo, então será do caralho! Anubis: Será a estreia da nossa formação e o nosso primeiro show desde 2012. Além disso, estaremos lançando oficialmente o nosso novo álbum, por isso o show no Metal Warriors será uma noite muito especial para o Archityrants. Fazer doom metal em Curitiba é um ato de resistência e manter a banda viva e produzindo, para nós, é um motivo de enorme orgulho!

Bolha Musical: Na opinião de vocês, de que maneira um festival como o Metal Warriors contribui com a cena local de Curitiba? Luxyahak: O Metal Warriors já se tornou uma tradição em Curitiba, trata-se de um dos festivais mais bem organizados e divulgados da cena; só por aí a importância dele já é imensa. Além disso, o público tem sempre a oportunidade de conferir três das melhores bandas do cenário nacional, que é a Dragonheart, a Aquilla e a Disharmonic Fields e seus convidados. Nós tivemos a sorte de estarmos na terceira edição deste evento e esperamos corresponder à altura dos anfitriões. Anubis: O Metal Warriors é um dos festivais mais bem organizados da nossa cena. A paixão pelo Metal (demonstrada pelos organizadores) é o que mantem o festival vivo. Estaremos ao lado de grandes bandas e grandes amigos, o que tornará o show ainda mais especial. É importantíssimo que as pessoas apoiem e compareçam, pois o público é a grande força motriz que pode alavancar o trabalho de bandas que batalham há décadas aqui em Curitiba.

Bolha Musical: Agradeço pela entrevista. Para finalizar, qual a mensagem final da banda ao público que os acompanha? Tersis: Primeiramente, muito obrigado pelo espaço cedido e pelo apoio. Eu convido a todos para ouvirem os nossos álbuns, eles já estão disponíveis para streaming e download em várias plataformas digitais – entre elas, Spotify, Deezer e Bandcamp. Para adquirir material da banda, entre em contato direto conosco ou pelo site do selo Mindscrape Music (o site é esse). Contato de imprensa e shows podem ser feito através do e-mail: archityrants@gmail.com. Doomed for life... and beyond! Anubis: Obrigado pelo espaço e parabéns pelas perguntas, todas foram muito inteligentes e darão ao leitor um panorama legal da história da banda. Compareçam para assistir a todas as atrações do festival. Tenham consciência de que a cena curitibana só será realmente forte quando o público valorizar as bandas da cidade.


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3ª edição do Metal Warriors Festival: Bandas: Aquilla + Archityrants + Disharmonic Fields + Dragonheart Data: sábado, 08 de julho de 2017 Local: John Bull Pub Endereço: Rua Mateus Leme nº 2204, São Francisco, Curitiba/PR Horário: abertura das portas às 20h Página do evento no Facebook: clique aqui.

Ingressos: Masculino: R$ 20,00 Feminino: R$ 15,00 A venda ocorrerá exclusivamente no dia do show, na bilheteria da casa.

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