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Crítica ao musical Roque Santeiro: O desafio de refazer um clássico


"Crítica ao musical Roque Santeiro: O desafio de refazer um clássico" por Bruno Dias | Bolha Musical

A experiente diretora teatral, Débora Dubois, foi corajosa em refazer uma clássico da teledramaturgia brasileira. "Roque Santeiro" encantou o final dos anos 80 e 90. Sem efeitos especiais, veio de uma época em que o brilho da novela era o conjunto entre diretor, trilha e bons atores. Lima Duarte e Regina Duarte atingiram o ápice de suas atuações e carimbaram nossa memória. Débora tinha um grande desafio pela frente: fazer um espetáculo bom, para um público repleto de excelentes referências.


O cenário é surpreendente: uma igreja ao fundo; uma banda na lateral, que faz toda a sonoplastia ao vivo, como em todos os musicais; e na frente, um cenário mais limpo, possível de ser diferentes espaços: uma boate, a casa da viúva Porcina, a prefeitura e, até mesmo, a praça principal da cidade. A iluminação é brilhante, dá um tempero fantástico em toda a peça, sobretudo, porque diversifica as nuances de cor, de acordo com a cena. Embora as músicas não sejam complexas, são muito afinadas e abrilhantam todo o contexto. O melhor, sem dúvida, foi a releitura de “Dona” do Roupa Nova, que fez parte da novela, e o tema de abertura “Roque Santeiro”.


O texto do gênio Dias Gomes continua contemporâneo e arranca risadas até hoje; nos constata que o Brasil não muda. Continua corrupto, clientelista, com uma elite nefasta que só pensa no próprio umbigo, e um povo que se deixa manipular por qualquer coisa. Os diálogos são incríveis e te fazem sorrir por dentro e por fora.

"Crítica ao musical Roque Santeiro: O desafio de refazer um clássico" por Bruno Dias | Bolha Musical

Como nada são flores, eu senti falta de personagens fortes, exatamente como está no texto. Falta alguma coisa que fiquei pensando durante o caminho para casa que, talvez, seja a força de atuação. Os atores são bons, vendem a ideia do texto, mas senti falta da energia da comédia, especialmente na Porcina e no Sinhozinho Malta. Impossível e errôneo comparar com as atuações da novela, afinal, cada ator carrega sua marca no seu trabalho, mas, a força desses personagens, tem que ter. Mas calma, isso não compromete o espetáculo. É apenas um tempero que talvez se resolva marcando melhor alguns pontos, que dará mais ênfase ao texto. Queria uma Porcina mais perua e um Sinhozinho Malta um pouco mais abusado. Só isso. Perfeccionismo à parte, vale a pena contemplar o espetáculo. Ele estará até o mês de maio no Teatro FAAP, de sexta a domingo. Os ingressos variam de 50 a 90 reias. Sobre a nota? Como sou perfeccionista, dou 8.



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